sexta-feira, 23 de maio de 2014

PREVISÍVEL E DURO GOLPE NO MODELO DEMOCRÁTICO DE #ESCOLA

Previsível e duro golpe no modelo democrático de escola! É quando prevalecem os critérios convenientes de Avaliações sob encomenda, "reprodutoras-conservadoras", matando qualquer tipo de inovação, perspectivas de emancipação e real cidadania, num sistema educativo essencialmente retrógrado e a serviço dos interesses do capital, na formação de mão de obra barata.

  • Gilberto Allesina: A lógica pedagógica superada pela prática demagógica? Ou será falta de qualificação mesmo?

  • Fernando Antonio Hello ... vc não pode medir uma escola democrática e "alternativa" com os mesmos indicadores usados para uma escola "tradicional"...!!! É óbvio que ela não vai se sair bem nesses quesitos!... Mas é porque o foco é absolutamente outro! Então, o que está errado é o sistema avaliativo!!! É ele que tem que ser colocado em cheque, se tem legitimidade, isenção, equanimidade, etc... e problematizado quanto à sua intencionalidade, objetividade e operacionalidade!... Sem esquecer ainda a quem ele está servindo e qual o uso político-administrativo que será feito dos seus resultados!... Enfim... sem dúvida, é um sistema altamente frágil, vulnerável e manipulável em toda sua extensão, direcionando e fabricando, já em sua construção, os resultados que visa obter!... Será que ninguém neste mundo vê isso?!... [... ou não quer ver...?!... ] C.Q.D.

  • Gilberto Allesina: Tai um assunto que seria legal discutir com umas cervas...

  • Gilberto Allesina: Acho que uma das coisas graves da escola pública é que ela raramente se permite ver ao espelho, refletir, pensar, autocriticar-se... e isso acontece em vários quadrantes! Tive algumas oportunidades de sentir como o corpo docente é refratário a qualquer crítica ao sistema e a qualquer oferta de ajuda externa para introdução de música no conteúdo curricular de uma forma mais séria... Falo da Itália, mas acho que a mentalidade do professor público daqui é muito parecida com os professores dai...

  • Fernando Antonio Hello ... a escola já é, por definição, um aparelho ideológico do estado (Marx) e, portanto, conservadora e reprodutora. Essa já é a realidade, o dia-a-dia! E quando se tenta romper com esse status quo, as resistências são enormes, como comprova a matéria acima! Voltamos, portanto, à estaca zero, à realidade da conservação e da reprodução. O sistema educativo se retroalimenta do mesmo, desestimulando e inviabilizando a transformação e a emancipação na formação do futuro cidadão! É desalentador,... ou seria esse o próprio "projeto"!?...

  • Gilberto Allesina: Acho que o projeto é esse, e o que é pior, é que não vejo no horizonte o corpo docente se bater pela qualidade do ensino, com raríssimas exceções. A mobilização só ocorre pra reivindicar salário...

  • Fernando Antonio Hello Pois é... é todo um sistema de precarização do trabalho docente, de luta pela sobrevivência, de desvalorização do trabalhador,... enfim... é todo um sistema complexo se deteriorando! Para melhorar, é preciso medir; para medir, é preciso saber o que, como, onde, quando, por que medir e estabelecer indicadores; para estabelecer os indicadores, é preciso ter visão de todo dessa realidade, dos processos, e dos efeitos colaterais dos sistemas avaliativos... e assim vai!... Enfim... Só não pode começar do fim para o começo, ou seja, os indicadores, uma vez estabelecidos, passam a ser as metas e os objetivos a serem atingidos pela educação!... Falo desse mecanismo de "reversão" e "perversão" de discursos na minha Tese... [disponível na Biblioteca Digital da UNICAMP, se lhe interessar...]...

  • Giba Canto: Estou lendo um livro de base neurolinguística (Luria e outros) que diz que para que tenhamos (alunos e todos nós) uma motivação interna é necessário que haja: deadline, pressão de tempo e condições de contorno estritas. Isso faz que que busquemos "ferramentas" internas para resolver a situação, coisas que muitas vezes nem imaginamos que já temos... Acho que muita "moleza" (liberdade) não leva a muito bons resultados !!!???

  • Fernando Antonio Hello Prezado, não sou contra responsabilidade, bons resultados e aprendizagem efetiva; sou contra sistemas de avaliação mal calibrados e distorcidos, utilizados para fins tendenciosos e maliciosamente preditivos!...

  • Lenira Politano da Silveira: A análise dos fracassos na educação baseada apenas na forma de avaliação é absurdamente rasa! Além do mais a matéria é perigosa ao associar tudo isto a práticas democráticas!

  • Gilberto Allesina: Uma forma de avaliação seria, depois de 10 anos, ver como esses alunos estão na vida... Porque os pais, assim como a escola, são caminhos para nos colocar diante da vida de maneira saudável e autônoma.

  • Giba Canto: Como diz o Prof. José Pacheco, para se fazer avaliação do ensino é preciso muito cuidado, pois os interesses e valores envolvidos permeiam todo esse processo. Alguns avaliam o ensino "escolar", como entendimento do que foi ensinado, raciocínio lógico,memorização, etc... Outros, como ele, procuram avaliar não o ensino, mas a educação como formação de um ser humano na sua integridade, auto-percepção, socialização, cidadania, consciência da nossa humanidade, amorosidade, etc... Isso dá muito pano prá manga !!! ...

  • Fernando Antonio Hello Exatamente, esta é a questão, meus caros!... Ou seja, estamos avaliando equivocadamente propostas inovadoras de formação que vão muito além dos conteúdos, e o que é pior, invalidando-as. Mas o erro está no calibre do crivo avaliativo, e não nos resultados efetivos em aprendizagem e formação dessas novas propostas de educação!...

segunda-feira, 12 de maio de 2014

ARTHUR CONAN DOYLE INTERVIEWED ON SHERLOCK HOLMES AND SPIRITUALITY


Prezada Regina Vilarinho:

Muito interessante este filme sobre Arthur Conan Doyle (abaixo) que você nos indicou!... Ele inclusive é citado por um historiador italiano chamado Carlo Ginzburg no livro "Mitos, emblemas e sinais" [que utilizei como referência em minha Tese!], juntamente com Freud (investigação dos atos falhos, sonhos e condensações como metáforas e metonímias de complexos inconscientes) e Morelli (investigação da falsificação de telas através dos detalhes presentes no estilo do pintor). Ginzburg defende um novo paradigma para as ciências humanas, o "paradigma indiciário", onde se adota o "rigor elástico" (essencialmente paradoxal!...) com base em indícios, emblemas e sinais que, quando analisados qualitativa e até mesmo subjetivamente, e inter-relacionados em vários contextos e níveis, seriam tão relevantes à pesquisa científica quanto os fatos quantificáveis da realidade objetiva e objetivada das ciências ditas "duras". Veja que o filme acaba por comprovar e documentar historicamente a intencionalidade de Doyle ao tentar sistematizar seu método dedutivo de investigação para o personagem Sherlock Holmes, protegendo-o do achado casual ou fortuito, dilema que ainda hoje desqualifica as ciências humanas frente às demais! Realça, portanto, enquanto método científico rigoroso, aquele que segue o rigor de uma lógica perfeita, inquestionável e impossível de se quebrar, para além da simples objetividade experimental, e que vem perfeitamente ao encontro das questões metodológicas que se enfrenta em pesquisa em humanidades. Sensacional como registro histórico, especialmente para mim. Se quiser, seria um prazer podermos conversar a respeito!... Abs


Fernando Hello


quinta-feira, 8 de maio de 2014

DIÁLOGO NO FACEBOOK SOBRE "A BATALHA PARA AUMENTAR A EFICIÊNCIA DAS #POLÍTICAS PÚBLICAS" DE LUIS NASSIF




ESSE MEU "BRIMO" LUIS NASSIF SABE DAS COISAS!
    Giba Canto: A conclusão é que não há saída !!! ???
    Fernando Antonio Hello: Creio que os sistemas políticos e os sistemas administrativos e de controle são típico caso de sistemas contraditórios e paradoxais, dentro do atual momento conjuntural que vivemos. Quando um acelera o outro freia... e vice-versa... e estamos falando do mesmo carro!...

    Giba Canto: Sem dúvida paradoxais e contraditórios, portanto qualquer um é ruim, escolhamos um que tem uma direção adequada a longo prazo... Adequada para quem? Quem decide o que é mais importante? Sem dúvida não pode ser um ser/partido arrogante e/ou autoritário, não é?

    Fernando Antonio Hello: ... há um texto bem interessante nesse sentido, sobre os dilemas da tomada de decisão em políticas públicas: LIMA JR., O. B. e SANTOS, W. G. Esquema geral para a análise de políticas públicas: uma proposta preliminar. Rev. Administração Pública. Rio de Janeiro, 10(2):241-256. abr./jun. 1976. Abs.


      sexta-feira, 2 de maio de 2014

      TRAUMDEUTUNG - O SONHO DE #INTERPRETAÇÃO

      Muitas pessoas me perguntam sobre sonhos e seus significados.
      Freud em seu trabalho "A interpretação dos sonhos" de 1900 já indicava que eles eram o caminho real para o inconsciente.
      É natural que as pessoas suponham que psicólogos e psiquiatras entendam disso, especialmente os que são psicanalistas, e que possam dar a chave para a interpretação correta de formações, na maior parte das vezes, tão enigmáticas ao próprio sujeito sonhador (no duplo sentido).
      Essa suposição, já apontava Lacan, é parte estrutural e estruturante do mecanismo da transferência, em seu vetor "sujeito suposto saber" dirigido ao analista, enlace para a entrada em análise. 
      Isso por si só já explica grande parte dessa demanda por interpretação, além do fato que, no dia-a-dia, certamente todos nos sentimos despreparados frente aos enigmas dos sonhos, pois, por definição, sua função é a de revelar mecanismos inconscientes, mas ao mesmo tempo, ocultando-os ao ao próprio sujeito sonhador, seu mecanismo e finalidade. É que, independente das diferentes categorias de sonhos, entre outros, eles exercem também um papel catártico sobre as tensões energéticas geradas pela dinâmica de funcionamento cotidiano do aparelho psíquico.
      Nesse sentido, se prestarmos atenção, o sonho condensa, cinde, transpõe, alude a, relaciona, indica, remete a, toma algo literalmente ou em duplo sentido, etc... mas sempre usando duas principais figuras de linguagem: as metáforas (quando se toma uma coisa pela outra) ou as metonímias (quando se toma a parte pelo todo)!
      Assim, quando alguém me pergunta qual o significado de determinado sonho, costumo dizer que só ele mesmo pode interpreta-lo... pois os significados e as chaves só ele mesmo possui!...
      Diante desse desapontamento repentino, próprio da evitação do "fazer semblante" já que estamos fora do enquadre analítico, dou algumas sugestões que podem socorrer o sonhador.
      Digo para que tente escrever o sonho e lê-lo depois. Para que faça associações com as palavras que podem ter significados literais, ou representar coisas ou situações que estejamos vivenciando, lembrando que o processo de interpretação é sempre um "des-dobrar" e "des-condensar".
      Se isso for insuficiente e o enigma permanecer, outra dica é "programar-se" para sonhar novamente sobre ao mesmo tema/assunto/questão! Quem sabe não vem um novo "desdobramento da condensação", facilitando ou clareando novas possíveis interpretações?!...
      No entanto, já dizia Freud, todo sonho tem um núcleo absolutamente indecifrável: o resto. E, por mais que nos esforcemos, é fato que nunca teremos acesso à compreensão de todo o conteúdo.
      Mas, quando nos encontramos diante da Esfinge enigmática, só temos duas alternativas: ou a deciframos ou somos devorados!

      Fernando Hello

      P.s.: entre tantos filmes que remetem ao assunto, um dos mais recentes é "A origem", dando um desconto para a surpreendente "instrumentalização" capitalista da função onírica! Porém, vale a leitura.