quarta-feira, 2 de julho de 2014

#CO-CRIAÇÃO DO CONHECIMENTO E #INOVAÇÃO


Prezados


Tenho pensado bastante nestas questões sobre o que nos leva a compartilhar ou não conhecimentos e a cria-los de forma coletiva, eventualmente chegando à inovação.
Participo de vários grupos em diferentes campos do conhecimento e, analisando suas dinâmicas, percebo que o que dá liga a esses processos grupais é quase sempre a dinâmica gerada por uma “questão comum” a todos, o desafio e o prazer da descoberta como vetor resultante do “esforço coletivo”.

Em outros termos, a sinergia que “une os esforços” é uma problemática ou questão comum aos envolvidos, cujo equacionamento, encaminhamento ou mesmo a solução traz benefícios a todos, mas mais especialmente aos protagonistas.
Essa “problemática”, por sua vez, parece emergir como fruto de percepções semelhantes sobre um mesmo ponto já bastante explorado e esgotado individualmente. Assim, o que junta essas pessoas e as fazem co-participantes na construção de conhecimento é que todas estão engajadas num mesmo e único esforço de busca e descoberta, fio condutor do processo, capaz de unir gregos e troianos.

É o campo de atração da questão em si que parece propiciar a união e o reconhecimento do semelhante enquanto mais um buscador e co-participante na construção desse conhecimento, ressignificando seu status no processo de concorrente a colaborador, de ameaça a oportunidade de crescimento.

Pierre Lévy (*) nos apresenta um aspecto instrumental/ferramental desse processo quando contrapõe o “virtual”, aquele constantemente problematizado e relançado, atemporal e “a-espacial”, ao “atual”, aquele solucionado, pressuposto e já dado no aqui e agora, essa contraposição dialética geraria uma tensão operativa onde o virtual tende ao atual (à “atualização”, ao “solucionado”, ao “possível”, dadas as condições atuais); e, vice-versa, [re]problematiza constantemente o atual.

Mas em relação a aspectos dinâmicos mais subjetivos, como não extrapolar esse dinamismo informacional para as questões psico-sociais envolvidos na atuação de grupos de pesquisa em suas reais expectativas e esforços de co-criação de conhecimentos e inovação em seus diferentes arranjos e organizações?

Mais do que mecanismos de gestão, facilitação ou esforço, atuais ou virtuais, de articulação ou mesmo desarticulação, de intenções tácitas ou explícitas, o que nos move como pesquisadores e nos faz ir ao encontro do semelhante não seriam nossas mais radicais [de raiz] e profundas questões “co-incidentes”?!...

Donde concluímos que o que mais essencialmente nos une e nos move é a dúvida, na medida em que caminhamos todos, por definição, pelo “não-saber”.


(*) LÉVY, P. A inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço. São Paulo: Loyola, 2000. 3ª ed. 212 p.

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