Prezados
Tenho pensado bastante
nestas questões sobre o que nos leva a compartilhar ou não conhecimentos e a cria-los
de forma coletiva, eventualmente chegando à inovação.
Participo de vários grupos
em diferentes campos do conhecimento e, analisando suas dinâmicas, percebo que o
que dá liga a esses processos grupais é quase sempre a dinâmica gerada por uma “questão comum” a todos, o desafio e o
prazer da descoberta como vetor resultante do “esforço coletivo”.
Em outros termos, a sinergia
que “une os esforços” é uma problemática ou questão comum aos envolvidos, cujo
equacionamento, encaminhamento ou mesmo a solução traz benefícios a todos, mas
mais especialmente aos protagonistas.
Essa “problemática”, por sua
vez, parece emergir como fruto de percepções semelhantes sobre um mesmo ponto
já bastante explorado e esgotado individualmente. Assim, o que junta essas pessoas
e as fazem co-participantes na construção de conhecimento é que todas estão
engajadas num mesmo e único esforço de busca e descoberta, fio condutor do
processo, capaz de unir gregos e troianos.
É o campo de atração da
questão em si que parece propiciar a união e o reconhecimento do semelhante
enquanto mais um buscador e co-participante na construção desse conhecimento,
ressignificando seu status no processo de concorrente a colaborador, de ameaça
a oportunidade de crescimento.
Pierre Lévy (*) nos apresenta um
aspecto instrumental/ferramental desse processo quando contrapõe o “virtual”, aquele constantemente
problematizado e relançado, atemporal e “a-espacial”, ao “atual”, aquele solucionado, pressuposto e já dado no aqui e agora,
essa contraposição dialética geraria uma tensão operativa onde o virtual tende ao atual (à “atualização”,
ao “solucionado”, ao “possível”, dadas as condições atuais); e, vice-versa, [re]problematiza
constantemente o atual.
Mas em relação a aspectos dinâmicos
mais subjetivos, como não extrapolar esse dinamismo informacional para as
questões psico-sociais envolvidos na atuação de grupos de pesquisa em suas reais
expectativas e esforços de co-criação de conhecimentos e inovação em seus diferentes
arranjos e organizações?
Mais do que mecanismos de
gestão, facilitação ou esforço, atuais ou virtuais, de articulação ou mesmo desarticulação,
de intenções tácitas ou explícitas, o que nos move como pesquisadores e nos faz
ir ao encontro do semelhante não seriam nossas mais radicais [de raiz] e profundas
questões “co-incidentes”?!...
Donde concluímos que o que mais essencialmente nos une e nos move é a dúvida, na medida em que caminhamos todos, por definição, pelo “não-saber”.
(*) LÉVY, P. A inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço. São Paulo: Loyola, 2000. 3ª ed. 212 p.
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