sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

DESCARTES ESTAVA ERRADO?...




[Link indicado por S. Fogaça]

Prezada S.

Esta questão da constituição do "Self" e de suas fronteiras em relação ao "mundo exterior" é uma das coisas mais complexas da Psicologia.

Há um longo caminho percorrido pela Filosofia, desde a Grécia Antiga até o Idealismo alemão, o Iluminismo e depois o Estruturalismo francês, o Racionalismo inglês, o Pragmatismo americano, com inúmeros autores e teorias, etc.

Saindo da Filosofia e entrando na Psicologia, existe também um infindável esforço por delineamento dessas fronteiras, de seus processos estruturantes e de suas estruturas.

Grosso modo, em primeiro lugar, existe uma forte corrente derivada do materialismo histórico [Marx e Engels], onde sempre o mais importante é o coletivo em detrimento do individual; daí a proposta de que o Self seria essencialmente estruturado a partir da interação social com os demais [Teoria Sócio construtivista de Vygotsky; e depois, Bakhtin, com ênfase particular na linguagem, etc.; e, mais recentemente, os autores da Escola de Frankfurt].

Em segundo lugar, paralela e contemporaneamente, outra vertente é o Construtivismo de base estruturalista de Jean Piaget, e sua Epistemologia Genética que vai estudar a estruturação das instâncias psíquicas no humano dando ênfase à sua evolução ontogenética, ou seja, essencialmente "interna" e de forma independente do ambiente e dos outros, indivíduos ou grupos.

Dessa forma, temos na Psicologia estas duas grandes correntes que hoje, creio, são perfeitamente complementares, mas que por muito tempo rivalizaram de forma mutuamente excludente. Enfim... esta é um longa conversa, até mesmo para os especialistas.

De qualquer forma, creio que não existem "fronteiras para o Self" como diz o texto... A meu ver, ele é uma instância psíquica, parte de uma tópica utilizada de forma didática, inclusive por Freud, para que pudéssemos compreender melhor o aparelho psíquico, em essência, muito mais complexo que o próprio "modelo"!
Nesse sentido, sou Freudiano, ou seja, adoto que existem diferentes "modelos" para melhor compreensão do aparelho psíquico, como proposto por Freud: a primeira tópica (modelo topográfico) [inconsciente, pré-consciente, consciente]; a segunda tópica [id, ego, superego]; modelo econômico [quantitativamente energético, do tipo carga-descarga]; modelo dinâmico [pulsão]; hidráulico [vasos comunicantes], etc.

Nessa linha, a categoria "Self" seria, por sua vez, mais um modelo para melhor compreensão do aparelho psíquico.
Portanto, quais são seus limites, se é estruturado desta ou daquela forma, são apenas inferências sobre um modelo didático-teórico e, portanto, apenas análogo ao real.

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