[Texto enviado por R. Branco]
"Atualmente, parece haver uma grande confusão de ideias em relação ao verdadeiro significado dos termos: 'Místico, 'Misticismo' e 'Teosofia'. E este fato não deve nos surpreender, porque nenhum homem pode ser um verdadeiro Místico a menos que o espírito da verdade eterna se tenha convertido em um poder vivo dentro de sua própria consciência.
Nem nenhum homem em seu aspecto meramente intelectual, pode ser um verdadeiro Teósofo, porque a Sabedoria Divina está muito acima de toda compreensão terrestre, e pertence unicamente a parte divina no homem.
Nem o verdadeiro Misticismo, consiste numa especulação intelectual sobre certos segredos da natureza, o que somente seria útil a muitos, como uma mera gratificação de uma mórbida curiosidade.
A Sabedoria Divina não é um conjunto de novas doutrinas; as novas doutrinas no melhor dos casos, só serve para ajudar aos estudantes a sobrepujar os obstáculos que impedem a percepção da Verdade.
A verdadeira Teosofia significa o divino Autoconhecimento, o qual pode ser alcançado só ao encontrar-se a Verdade dentro de seu próprio ser.
A Teosofia não é uma teoria inventada com o propósito de 'converter' a um homem que tem a sua própria crença num conjunto de opiniões religiosas, a outro conjunto distinto; pelo contrário, é um poder, uma Luz desde o Plano Divino, a qual revela a cada buscador sincero, A VERDADE no seu próprio sistema científico ou religioso.
Esta luz não é alcançada por meio do esforço pessoal de ninguém; não pode ser construída, da mesma forma que não pode o homem criar a luz do Sol.
A sabedoria do homem baseada na ilusão do 'eu', não tem fundamento na verdade, senão que é uma pobre ilusão. Sua ciência trata somente das aparências e não daquilo que é eterno e real.
Entretanto a Sabedoria Divina, a luz da eterna verdade, por definição, está dentro de cada um de nós, e também fora de nós, e não há nada que a impeça de manifestar-se em nós mesmos, exceto nossos próprios preconceitos e erros, nossos amores e desejos por tudo aquilo que não é permanente, mas ilusório e evanescente.
Apegamo-nos às sombras e ilusões da vida, porque não compreendemos profundamente sua verdadeira natureza. Adoramos a forma e perdemos de vista o espírito.
Assim permanecemos ignorantes da nossa própria natureza verdadeira e não experimentamos a presença de um poder divino em nós porque estamos imersos numa crisálida de carne e osso, e só escutando as vozes da natureza material e os deleites imaginários que o mundo sensual produz no espelho da nossa mente.
O conhecimento espiritual não pertence ao homem material, e sim ao espírito que mora dentro da sua natureza material.
O Homem deve elevar-se acima da sua própria natureza inferior, e libertar-se a si mesmo da servidão imposta sobre ele pela sua encarnação na matéria, antes que possa realizar o estado divino ao qual a sua verdadeira natureza pertence.
Somente então alcançará um novo reino de consciência; novas percepções e memória aparecerão ante ele; se encontrará a si mesmo como sendo outro ser - não atado a terra - e aquilo que em outros tempos lhe pareceria oculto e misterioso, se tornará claro.
A partir desta perspectiva, os ensinamentos ocultos são necessariamente verdadeiros, porque se originam na auto percepção da verdade, e nunca de alguma especulação filosófica.
Mas sem nos importarmos quanto real possa ser para aqueles que vivem na Verdade, e que já possuem a Verdade, sua representação não pode ser nada mais que uma bela teoria para aqueles que não a percebem.
Os ensinamentos teosóficos não deveriam, portanto ser confundidos com A TEOSOFIA EM SI MESMA.
Os primeiros são uma serie de doutrinas que intentam oferecermo-nos a informação correta sobre a constituição da Natureza e do Homem, e assim ajudarem-nos a superar os conceitos errados que se interpõem no nosso caminho para a Realização da VERDADE ; mas a Teosofia em si mesma, está tão acima de toda teoria, como a Razão está para o raciocínio.
Esta VERDADE não requer argumentos para provar a sua existência, porque É EM SI MESMA, sua própria prova quando ela é alcançada; É O DIVINO AUTOCONHECIMENTO, O CONHECIMENTO PRÓPRIO DO verdadeiro SER NO HOMEM."
Prezado R.
Belíssimo texto!
Fernando Hello
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