quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

A VERDADEIRA TEOSOFIA - POR F. HARTMANN


[Texto enviado por R. Branco]

"Atualmente, parece haver uma grande confusão de ideias em relação ao verdadeiro significado dos termos: 'Místico, 'Misticismo' e 'Teosofia'. E este fato não deve nos surpreender, porque nenhum homem pode ser um verdadeiro Místico a menos que o espírito da verdade eterna se tenha convertido em um poder vivo dentro de sua própria consciência.

Nem nenhum homem em seu aspecto meramente intelectual, pode ser um verdadeiro Teósofo, porque a Sabedoria Divina está muito acima de toda compreensão terrestre, e pertence unicamente a parte divina no homem.

Nem o verdadeiro Misticismo, consiste numa especulação intelectual sobre certos segredos da natureza, o que somente seria útil a muitos, como uma mera gratificação de uma mórbida curiosidade.

A Sabedoria Divina não é um conjunto de novas doutrinas; as novas doutrinas no melhor dos casos, só serve para ajudar aos estudantes a sobrepujar os obstáculos que impedem a percepção da Verdade.

A verdadeira Teosofia significa o divino Autoconhecimento, o qual pode ser alcançado só ao encontrar-se a Verdade dentro de seu próprio ser.

A Teosofia não é uma teoria inventada com o propósito de 'converter' a um homem que tem a sua própria crença num conjunto de opiniões religiosas, a outro conjunto distinto; pelo contrário, é um poder, uma Luz desde o Plano Divino, a qual revela a cada buscador sincero, A VERDADE no seu próprio sistema científico ou religioso.

Esta luz não é alcançada por meio do esforço pessoal de ninguém; não pode ser construída, da mesma forma que não pode o homem criar a luz do Sol.

A sabedoria do homem baseada na ilusão do 'eu', não tem fundamento na verdade, senão que é uma pobre ilusão. Sua ciência trata somente das aparências e não daquilo que é eterno e real.

Entretanto a Sabedoria Divina, a luz da eterna verdade, por definição, está dentro de cada um de nós, e também fora de nós, e não há nada que a impeça de manifestar-se em nós mesmos, exceto nossos próprios preconceitos e erros, nossos amores e desejos por tudo aquilo que não é permanente, mas ilusório e evanescente.

Apegamo-nos às sombras e ilusões da vida, porque não compreendemos profundamente sua verdadeira natureza. Adoramos a forma e perdemos de vista o espírito.
Assim permanecemos ignorantes da nossa própria natureza verdadeira e não experimentamos a presença de um poder divino em nós porque estamos imersos numa crisálida de carne e osso, e só escutando as vozes da natureza material e os deleites imaginários que o mundo sensual produz no espelho da nossa mente.

O conhecimento espiritual não pertence ao homem material, e sim ao espírito que mora dentro da sua natureza material.

O Homem deve elevar-se acima da sua própria natureza inferior, e libertar-se a si mesmo da servidão imposta sobre ele pela sua encarnação na matéria, antes que possa realizar o estado divino ao qual a sua verdadeira natureza pertence.

Somente então alcançará um novo reino de consciência; novas percepções e memória aparecerão ante ele; se encontrará a si mesmo como sendo outro ser - não atado a terra - e aquilo que em outros tempos lhe pareceria oculto e misterioso, se tornará claro.

A partir desta perspectiva, os ensinamentos ocultos são necessariamente verdadeiros, porque se originam na auto percepção da verdade, e nunca de alguma especulação filosófica.

Mas sem nos importarmos quanto real possa ser para aqueles que vivem na Verdade, e que já possuem a Verdade, sua representação não pode ser nada mais que uma bela teoria para aqueles que não a percebem.

Os ensinamentos teosóficos não deveriam, portanto ser confundidos com A TEOSOFIA EM SI MESMA.

Os primeiros são uma serie de doutrinas que intentam oferecermo-nos a informação correta sobre a constituição da Natureza e do Homem, e assim ajudarem-nos a superar os conceitos errados que se interpõem no nosso caminho para a Realização da VERDADE ; mas a Teosofia em si mesma, está tão acima de toda teoria, como a Razão está para o raciocínio.

Esta VERDADE não requer argumentos para provar a sua existência, porque É EM SI MESMA, sua própria prova quando ela é alcançada; É O DIVINO AUTOCONHECIMENTO, O CONHECIMENTO PRÓPRIO DO verdadeiro SER NO HOMEM.
"


Prezado R.
Belíssimo texto!
Mesmo sintético, nos dá coordenadas para situarmos a natureza profundamente "subversiva" dos ensinamentos trazidos pela Teosofia e, por que não, da própria Teosofia enquanto arcabouço amplo de conhecimentos.
Percebemos que estamos tratando aqui de um outro nível de "saber": aqueles relativos ao Real.
E isso tem implicações profundas do ponto de vista metodológico da ciência ocidental, subvertendo especialmente as relações sujeito-objeto tradicionais, assim como as categorias "verdade" e "autoconhecimento".
Enfim, em última instância, trata-se de uma subversão total do sujeito do conhecimento [um sujeito com qualidades extraordinárias ou divinas] e, por que não, do seu objeto [um mundo material relativizado e referenciado a um sistema divino].
Nesse sentido, estamos diante de algo bastante disruptivo que gera uma desconstrução em todos os nossos referenciais metodológicos em ciência o que, por sua vez, nos relança a novas perspectivas e significados do "conhecer" e do "saber".
Sem dúvida, um enorme desafio!
Abs e obrigado pelo excelente material!
Fernando Hello

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